29 outubro 2008

Contentores e Capital

Numa altura em que a crise financeira além-fronteiras se reflecte em Portugal, e estando previstas obras públicas de vulto, determinantes para o desenvolvimento do País, será um erro apostar-se nelas, quando algumas, além de precisarem de ser repensadas quanto à localização, exigem verbas avultadas para a concretização. É necessário melhorar infra-estruturas que potenciam o crescimento económico, em vez de se gastar tempo e dinheiro em projectos que com o tempo se conclua terem sido mal estudados. O potencial de crescimento de um terminal de contentores de Lisboa não está no terminal de Alcântara, mas num terminal feito de raiz na margem sul do Tejo, aproveitando a zona da Trafaria, que oferece também condições de segurança a navios de grande porte. Paralelamente, poder-se-ia desenvolver a construção de um túnel para Algés, para fazer o escoamento das mercadorias contentorizadas de e para os destinatários, sem terem de passar pelo centro da cidade. Certamente ninguém está contra o desenvolvimento destes projectos, mas seria bom que as entidades envolvidas reformulassem os mesmos, apontando para soluções mais rentáveis, uma vez que aproveitando a zona entre a Trafaria e o Farol do Bugio, a zona de Alcântara e a restante zona ribeirinha, poderiam dar lugar à chegada dos grandes paquetes que nos visitam e potenciam o desenvolvimento do turismo. A libertação da zona ribeirinha de Lisboa do congestionamento que se conhece permitiria que os lisboetas e os visitantes da cidade pudessem desfrutar de um ambiente mais limpo e da criação de zonas de lazer, as quais poderiam igualmente gerar fontes de receita.

Américo Lourenço, DN, 29-10-2008

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