02 novembro 2008

'Guerra' dos contentores na AR

O movimento cívico que contesta a ampliação do terminal de contentores em Alcântara, Lisboa, está a "ponderar" angariar 35000 assinaturas para a petição, de forma a poder pedir a revogação do decreto-Lei que permite a realização da obra.

A afirmação foi feita ontem aos jornalistas pelo presidente da Associação dos Concessionários da Doca de Santo Amaro no final de uma reunião com o presidente da Assembleia da República a quem entregaram 4000 assinaturas da petição "Lisboa é das pessoas. Mais contentores não", o número exigido por lei para que o assunto seja debatido no Parlamento.

Frederico Colares Pereira falava no final de uma reunião com Jaime Gama - que durou cerca de 30 minutos e contou com a presença do presidente da Comissão Parlamentar de Obras Públicas, Miguel Frasquilho - em que participaram outros elementos do movimento cívico, designadamente o escritor Miguel Sousa Tavares, o presidente da Junta de Freguesia dos Prazeres, o deputado social-democrata Luís Rodrigues e o ex-vereador da Câmara de Lisboa António Proa.

"A reunião correu muito bem e o presidente da Assembleia da República disse-nos que vai levar o assunto à Assembleia para discussão", disse Frederico Colares Pereira, acrescentando que desta forma o "primeiro objectivo" do movimento cívico" "foi alcançado".

Questionado sobre o facto de a Administração do Porto de Lisboa (APL) negar que a ampliação do terminal de contentores implique uma "muralha" com cerca de 1,5 quilómetros com 12 a 15 metros de altura entre a cidade de Lisboa e o Rio Tejo, o representante dos concessionários das docas disse ser natural que "A APL esteja a defender o seu projecto".

Sobre se o movimento cívico tem alternativas para o projecto da APL, Frederico Colares Pereira respondeu que não cabe ao movimento avançar com alternativas, uma vez que não são "técnicos". Cabe-lhes antes reclamar que o terminal de contentores de Alcântara não aumente, uma vez que o rio Tejo "é dos lisboetas e de todos os portugueses", acrescentou.

Contestou ainda que os promotores da petição "Lisboa é das pessoas. Mais contentores não" estejam contra as actividades portuárias, sublinhando que "até ao momento todos conviveram de forma salutar e sem conflitos", uma questão que "se tornará impossível no futuro caso a APL triplique a capacidade do terminal de contentores de Alcântara".

Colares Pereira responsabilizou ainda a APL pelos futuros transtornos que irá causar à população de Lisboa caso a obra avance, uma vez que a realizar-se será com "capital do erário público", implica "sete anos de obra" e irá "provocar o caos" na zona de Alcântara.

in JN, 01-11-2008

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